quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Trauma de infância

Um dia, certamente era um sábado. Como eu lembro? Eu lembro porque eu tinha que ir à missa, aos sábados,  devido à  catequese (e se eu não fosse,  os coleguinhas de turma reparavam,  a catequista puxava a orelha na, semana seguinte,  e quase ninguém ia pela fé,  mas isso é assunto para outro post).

Então lá estava a pequena Andressa,  de 10 anos,  que sempre babou pelas máquinas de bichinhos de pelúcia,  à  missa de sábado à  tarde. Naquele dia,  eu perguntei à minha mãe se ela deixaria eu brincar em uma daquelas máquinas. Mãos especificamente a que ficava na padaria.

Não me senti tocada pelo o que o padre disse,  não lembro nem o que ele falou. Estava empolgada demais porque depois eu iria à padaria,  né?

Então cheguei lá. Não lembro quanto custava cada ficha,  mas chuto que custava 1 Real. Em um tempo que se pagava R$0,05 por um pão francês,  acho que era por isso que minha mãe achava tão caro. Hoje,  com 1 Real,  você compra um pão. E um crédito de máquina de bichinhos custa R$5,20, mais R$2,00 pelo cartão.

Coloquei a ficha na máquina que eu não sabia como controlar,  e apertei o botão ao mesmo tempo que tentei mexer a manivela,  sem sucesso. A garra nem se mexeu,  e já ficou indo pra cima e pra baixo na direção do buraco de saída.

Fiquei lá olhando pra cima e pra baixo,  meu rosto refletindo assustado no vidro que segurava aquele monte de bichinhos coloridos.

Minha mãe perguntou o que aconteceu,  eu só respondi "não sei!". Ela chamou o cara do caixa,  e ele disse que não poderia fazer nada,  que apertando o botão,  fazia a garra abaixar e pronto. É... Ele poderia dar essa explicação antes,  mas não deu. Analisando friamente,  acho que essa foi uma das primeiras vezes na vida em que "se você não disser/perguntar,  ninguém vai adivinhar". Não falei que não sabia mexer,  o cara não adivinhou,  minha mãe tbm não perguntou. Simples assim.

Simples assim como descer a rua até minha casa,  escutando os berros de bronca da minha mãe,  que nem usou o "quando a gente chegar em casa,  a gente vai ter uma conversa séria". A conversa séria já começou no caminho mesmo,  junto com meu choro.

Chegando em casa,  estava passando o programa do Bolinha na TV. Meu pai estava na sala. Eu corri pro banheiro,  tranquei a porta sancionada e continuei chorando,  com medo de apanhar. Escutei meu pai perguntar o que aconteceu,  e minha mãe gritar que eu enchi o saco dela pra comprar uma ficha pra aquela máquina e fazer tudo errado. Gastou dinheiro à toa ,  com essas merdas!

Lembro que eu demorei pra sair do banheiro,  essó sai porque ela bateu muito na, porta e eu fiquei com medo dela quebrá - la (o que daria um prejuízo bem maior do que o da ficha),  e depois disso eu esqueci. Só lembro que nunca mais tentei brincar na máquina,  nem pedia mais. Se bobear,  nem se me oferecessem eu brincaria. Mas não foi a última vez que corri pra me proteger no banheiro.

De bichinhos de pelúcia de máquinas,  eu só tinha os que um amiguinho da escola me dava,porque ele era riquinho e cansava de pega-los,  então acho que a mãe dele nem se importava com o que ele fazia com as coisas dele (ao contrário de mim,  que até hoje tenho bonecas com suas caixas,  e o reflexo de deixar as maquiagens nas caixas também,  até que a caixa se desmanche na necessaire dentro da mochila).

Depois que eu cresci,  até comprei alguns bichinhos sem precisar tentar na máquina. Comprei até bichinhos demais,  reconheço.  Depois parei.

Até que ontem chegou email do RH da empresa,  falando de uma ação super legal de um dos nossos fornecedores,  para tentarmos ganhar um mascote das olimpíadas  no Rio. Só precisava postar uma foto com a hashtag #TAMJogosRio2016. Quando me falaram "vc ganha até 3 fichas! Mas só se postar no Facebook, Twitter e/ou instagram!", eu até brinquei : "posso postar no foursquare,  swarm,  blog... O que eles quiserem! Terei direito a mais  fichas?rs...". Mas o máximo eram 3mesmo,  ainda a, contragosto da mocinha que entregava as fichas,  que olhou atravessada quase não, acreditando que eu tinha postado os 3 aplicativos.

Tentei a primeira e quase foi. Um bichinho que eu não sei o nome,  mas que tem cabelo de folhas verdes. A garra pegou pelo corpinho,  mas a cabeça dele é  pesada e ele soltou.  Na segunda ficha tentei outro,  mas não, deu,  e a terceira eu errei por excesso de zelo. Acabou o tempo e a garra desceu sozinha,  sem subir mascote algum.

Fiquei lá olhando pra máquina e lembrando dessa história que eu contei agora.  Que levou a outra. Quem quiser saber antes de eu postar aqui amanhã,  pode procurar meu instagram @andy_michels e ver as legendas das fotos que postei. Aliás,  descobri que mais gente teve trauma com essas máquinas na infância

Até amanhã!

3 comentários:

  1. Quem nunca teve uma decepção dessa com uma máquina de bichinhos que atire a primeira pedra...
    Eu não tive um trauma desses... mas, tenho muito medo e receio dessas coisas até hoje...

    E há pouco tempo eu fui num evento que tinha uma dessas, mas era pra pegar almofadinha da empresa que patrocinou... e não tinha limite não... vc pegava quantas queria... Resultado: eu tenho um montinho dessas almofadas aqui em casa... não uso, mas estão aqui.

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    1. Eu queria poder jogar mais vezes pra tentar pegar o mascote. Eles são tão bonitos! E eu nem me importaria em colocar as fotos com a hashtag deles quantas vezes fosse necessário!

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  2. Quem nunca teve uma decepção dessa com uma máquina de bichinhos que atire a primeira pedra...
    Eu não tive um trauma desses... mas, tenho muito medo e receio dessas coisas até hoje...

    E há pouco tempo eu fui num evento que tinha uma dessas, mas era pra pegar almofadinha da empresa que patrocinou... e não tinha limite não... vc pegava quantas queria... Resultado: eu tenho um montinho dessas almofadas aqui em casa... não uso, mas estão aqui.

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