terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Um beijo

O que é um beijo pra você?

Há quem diga que é só o ato dos lábios se contraírem, resultando no barulho de "smack!", como aqueles que a gente lança de longe, sem ter a necessidade de encostar em algo ou em outros lábios.

Eu fiquei pensando mais sobre o significado do beijo. Há momentos em que beijo... é só um beijo. Só que o que eu estava pensando é quando o beijo não foi só um beijo. Mas O BEIJO.

Aquele beijo que faz você arrepiar seu corpo inteiro, por mais simples que ele tenha sido.

E beijo não se pede! Já me pediram beijo por me darem uma carona, e foi terrível. Meu beijo virou moeda agora? Mal "paguei" e fugi com a desculpa de "meu porteiro está olhando, tchau!".

Beijo não se pede porque há outros modos de ganhá-lo sem palavras, né? Aquela proximidade vagarosa da outra pessoa, os olhos alheios focando nossa boca, o hálito, a respiração... Aquela conversa ao pé do ouvido que resulta em uma mordida ao lado do rosto dele, os rostos que já estão muito perto e se movimentam, a barba arranhando o seu rosto ao "se afastarem ainda próximos", deslizam e se aproveitam... Os lábios se unem como se fosse parte do caminho, se separam, os olhos guardam esse segredo e cada um pega seu rumo.

Até que chega o dia em que te pedem um beijo, que você esperou receber desde o primeiro momento (há 6 semanas daquele dia), e você perde todas as suas convicções. Te pediram o beijo que você quis pedir. Da maneira mais doce e proibida que se pode pedir.

Você sentiu uma energia boa quando chegou perto da pessoa desde a primeira vez que seus olhos se cruzaram. As outras vezes que você viu a pessoa, de longe, os olhos não se alcançaram... Mas isso mudou depois de um mesa de bar. Vocês estavam no lugar certo, na hora certa, com passados "errados". As mãos,  não me pergunte porquê, não conseguiam se largar na hora de se despedir. Você voltou pra casa feliz. Muito feliz. Sonhou com a pessoa durante dias. Deu o nome ao seu travesseiro.

Se encontraram novamente. Os sorrisos foram espontâneos, instantâneos, simultâneos. Aquela energia boa voltou! E mesmo a interferência de umas 200 pessoas ao redor não quebraram essa ligação. Se abraçaram, e aquela vontade de não largar mais gritou "volte aqui!" de ambas as partes. De longe se olharam, de longe se falaram. Quando já tinha esquecido, aquele imã invisível deu jeito de atrair esses dois polos.

Os olhos se cruzaram de novo. Dava para ver um brilho diferente, lá no fundo. Mesmo com o tempo apertado, chegaram à conclusão de que uns minutos a mais não trariam problemas. A gente não conta a parte de que tudo isso já era um problema. =X

Uns minutos, uma cerveja para cada. Os ponteiros correndo. As músicas tocando. A consciência chamando. A partida. A companhia até a porta. O pedido. As dúvidas. A consciência gritando. O "Desejo" pegando a "Consciência" pelos ombros, encostando-a na parede, gritando mais alto ainda "Faça-a calar a boca! Dá logo um beijo como esse!".

Mas não foi assim. Foi um pedido doce, aparentemente sincero. Tímido e educado. Por mais que soubesse que era errado, o pedido foi um beijo seu.

Então finalmente o beijo aconteceu.(o coração como a bateria do Smashing  Pumpkins em "Muzzle"http://letras.mus.br/smashing-pumpkins/166947/traducao.html). Aquele misto de culpa, medo, desejo, vontade. O sentimento de estar flutuando. (Deve ter sido a cerveja!rs...). Outro beijo pedido (não roubado... Droga!) e a despedida. Sem promessas, sem certezas...

E agora esse beijo está guardado. Talvez para sempre.

O amor...

Outro dia, eu encontrei o "amor". 

Era sexta-feira, chovia em São Paulo, e eu estava saindo apressada do trabalho. 

Voltei para tentar encontrar alguma sacola grande na gaveta, que conseguisse proteger minha bolsa. Revirei sacos plásticos como se fossem sentimentos, leves e vazios, até que peguei algo mais pesado. O que era aquilo? Era o "Amor"! 

Nem liguei, estava com pressa, pensando em tudo o que poderia acontecer mais tarde.

Tantas coisas pra cuidar! Saí andando enquanto tentava me lembrar há quando tempo "ele" estava perdido. Nossa... Acho que está desde o ano passado ele estava por aqui, mas eu nem me liguei! Pensei que já tinha ido pro lixo!


Muita coisa aconteceu. Olhares, sorrisos, abraços, olhares, encontros, abraços, despedidas, beijos, rostos queimando de vergonha e olhos brilhando de alegria. O coração transbordando de tudo, tentando separar o bom do errado e aquela pontinha de culpa!

Agora vejo... "o amor" estava mais seguro no fundo da gaveta do que dentro da minha bolsa. Era uma distância segura! Era para o bem do "amor"! Porque AMOR é uma paçoca doce e frágil, que não resiste muito à pressão, e logo fica amassado e esfarelando... Mas mesmo assim, não perde seu sabor! =D