Tempo que passa e umas coisas que não esqueço. Não esqueço do primeiro almoço feito pra mim (era macarrão com frango, e sorvete de sobremesa!), do pão de queijo feito antes de eu ir trabalhar, e do beijo na testa, quando ele ia trabalhar. Lembro das brigas também, mas logo passava. Lembro das conversas na varanda, olhando para os prédios durante o dia, e para a lua ou as janelas durante a noite. (aquela noite, em que ele foi, NU, fumar um cigarro na varanda. E depois de ficar um tempo olhando aquela cena, fui lá e o abracei) Aquele ventinho gelado de madrugada. Aquele cobertor quentinho. O sofá. O tapete. As taças de vinho (fui eu quem dei!), o salaminho, o queijo e os descansos de copos (eram pequenos discos de vinil, muito estilosinho e moderno, que nem ele). E voltamos ao beijo na testa. Não tem nada de erótico em beijo na testa, mas é tão bom. Vai ver ele fazia isso com todas. Vai ver eu comecei a fazer isso com todos (comecei nada, nem alcanço todas as testas! Só dos baixinhos, queridinhos, bonitinhos). Mas e daí? Quando a gente pensa que esquece, vem um sonho sem noção e joga lembranças na nossa cabeça. Não é nada de mais, sabe? É só saudade de um tempo que passou, dos sentimentos, nem é da pessoa em si.
Vida que segue, que passa. Passa como eu passo todos os dias por aquele muro perto da estação.
Vida que segue, que passa. Passa como eu passo todos os dias por aquele muro perto da estação.