terça-feira, 20 de novembro de 2012

Aniversário alheio

O que vocês fariam para o aniversário de outras pessoas?

Eu seria capaz de fazer uma festa surpresa chamando os amigos mais próximos, ou aparecer ao encontro da pessoa com um cupcake e uma velinha, para comemorarmos juntos. Eu sei, isso são coisas que já fizeram por mim e, por ser tão legal e encantador, por causar tantos sentimentos bons, eu queria poder proporcionar isso a alguém.

Infelizmente não consigo fazer isso para todos os meus amigos (que realmente seriam pessoas que merecem homenagens assim), mas às vezes a gente escolhe pessoas na nossa vida pelo qual seríamos capazes disso e muito mais. Só que entra em questão o merecimento.

Por mim, se eu achasse que uma pessoa merecesse, lá estaria eu hoje, pós balada (já que era perto a balada  e o tal apartamento), tocando o interfone e falando ao porteiro que queria ir para o terceiro andar, dar um puta abraço na pessoa e começar a fazer um bolo de sua preferência, apesar do mega sono que eu estava sentindo. É certeza, eu colocaria esse sentimento de "Quero te fazer feliz" acima do "Deixa eu dormir um pouquinho antes de qualquer coisa". Podem acreditar ou não, mas eu tenho essa (chata) mania de querer fazer as pessoas felizes. Digo chata porque muitas vezes eu faço isso passando por cima das minhas próprias necessidades, o que não é bom. Mas às vezes o resultado compensa. Nem sempre, eu sei.

Ou pior ainda!! Eu não teria ido para a balada, não teria encontrado um monte de gente legal, cantado mais de 20 músicas junto com as outras pessoas, e não seria o centro das atenções enquanto cantava "Paint in Black". Não teria feito isso por mim, porque teria feito algo maior por outra pessoa! Provavelmente eu iria para lá ontem à noite, para ter uma noite "incrível", de abraços e beijos no sofá, depois na cama, e momentos de nudez em sua varanda, olhando para janelas vizinhas e imaginando o que as pessoas devem estar fazendo àquela hora com a luz acesa, se alguém também está nos olhando furtivamente, enquanto ele fuma seu cigarro, depositando as cinzas em uma miniatura de hidrante vermelho.

"Poderia ter sido interessante", como diz a letra da música? Sim, poderia. Poderia ter beijos de parabéns e desejos de felicidade à meia noite, conchinha até os dois despertadores tocarem, com o tempo de desligá-los, trocar de posição e voltar a dormir.

Mas não teve isso. Teve a minha busca por uma padaria aberta aos primeiros raios do sol de uma manhã de feriado, subindo a Rua Augusta com pessoas que conheço há menos de um mês e que já estão me salvando a vida. Teve uma batalha contra o sono, tentando saber o caminho de volta pra casa tendo que fazer as adaptações via PAESE. Teve a minha mensagem de parabéns escrita vagarosamente (e mesmo assim tortamente) em um SMS que voltou, porque "A operadora não estava autorizada a concluir essa função" ou algo assim, e novamente o esforço para escrever direitinho, resumidamente, por saber que a pessoa não leria mais que as duas primeiras linhas.

E o simples fato de mandar uma inbox me faz lembrar que todas as nossas conversas dos últimos 2 meses e meio foram por esse meio. Tantos convites negados, de um lado ou de outro. Mensagens não respondidas, mesmo que lidas. De propósito ou sem querer. Por não ter o que dizer, por querer dizer muito, ou pelo silêncio ser a melhor resposta que poderíamos merecer.


Merecimento. É aí que eu queria chegar. Eu fiz o que merecia ser feito. Eu merecia ir a uma festa! Não que a pessoa não merecesse ter uma comemoração como a que eu disse... é muito cruel julgar e determinar o que uma pessoa merece ou não, porque ela pode fazer o mesmo conosco. Claro que a pessoa merece ter um dia ótimo, mas o detalhe é que não sou eu a responsável por isso, porque eu tenho que pensar na minha felicidade antes de fazer quem quer que seja feliz, e isso também significa tirar algumas pessoas da nossa vida, ou apenas reposicioná-las com outros sentidos em nossas vidas.