domingo, 29 de julho de 2012

Tudo o que eu não quero

Entre tantas coisas que a gente pensa que quer, sempre aparecem dúvidas. "Será que é isso mesmo que eu quero ser quando crescer?" E depois que cresce, "será que é isso que eu quero ser para o resto da vida?"

Com o coração, não é muito diferente: Eu quero ficar com fulano! Eu gosto dele! Eu gosto da sua beleza "exótica" (não é feio, só é diferente do "padrão de beleza que todo mundo gosta"), gosto das suas piadas inteligentes, da sua voz, do jeito ritmado em que as palavras saem da sua boca. Gosto do jeito que me olha, e até do jeito que ele segura o cigarro, coisa que eu não gosto. Gosto do jeito em que ele me conta suas histórias e estórias, de como fala as coisas como se eu não soubesse delas. Até do seu jeito de se achar superior, e de quando ele pára de falar, me olha de novo, e me puxa para perto dele.

Se vou querer ficar com ele para sempre? Não sei... nem dá para saber. Apesar de ser meio contrária à definição do meu signo (Áries), o horóscopo sempre diz "Os Arianos perdem o interesse rapidamente". (Pois é, eu ainda não perdi. E cada um dos caras que conheci vão pensar que esse texto é para ele, se é que algum dia chegarão até este blog).

Só sei de uma coisa: De TUDO O QUE EU NÃO QUERO.

- Não quero aprender seu endereço: para não lembrar de você quando fizer o mesmo caminho novamente.

- Não quero conhecer seus cachorros: e acabar me apegando, e até nele não poder fazer um carinho de "tchau, foi bom te conhecer!".

- Não quero saber da sua família: Se tem filhos, se não tem. Se sua mãe é legal pra caramba, e seu pai um ranzinza. Se sua avó é uma fofa, se a sua tia é louca. Conhecê-los então... nem pensar! Vai que sua priminha gosta de mim, e seu priminho quer que você me chame para jogar video game com ele? Melhor não...

- Não quero que cozinhe para mim: eu não sei cozinhar, e sei que vou ficar com saudades da sua comida quando estiver sozinha e com fome em casa. Não por interesse, mas porque cozinhar envolve todo o resto do processo. Desde a parte de eu te ajudar a cortar os legumes, ou só ir lavando a louça enquanto você cuida das panelas. E porque sempre vai tocar "When I'm 64" (dos Beatles, é claro!) na minha cabeça, mesmo que eu não a cantarole para o bem dos seus ouvidos.

- Não quero que me busque: no metrô, em casa ou no trabalho. A pé, de moto ou carro. Para não precisar lembrar dos lugares por onde passamos juntos, nem do sorriso que você dá ao me ver, em resposta ao meu. Não quero sentir saudades do abraço de boas vindas, de você fechando o capacete para mim (mesmo que seja fedido e velho!), nem da bagunça do seu carro.

- Não quero que me mande mensagens: porque não quero a agonia de esperar as respostas, mesmo que elas me façam sorrir.

E tudo isso, eu não quero. Não quero mesmo. Porque eu não sei por quanto tempo vai durar.

Podem dizer que não estou vivendo o momento, que não estou aproveitando os detalhes. Pode ser, mas deve existir outras coisas para subistituir tudo isso, mas que machuque menos, né?!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Assim, de repente...

**As vezes a gente escreve coisas boas, aproveitando o bom momento. Não importa o passado ou o futuro.**


Entre os cabelos ruivos (escuros, não laranja. Ou seriam castanhos mesmo?) há fios brancos e tem cachos.


Tem barba espaçada, não êh muito grande nem densa. 


Tem o sorriso bonito, certinho (pelo o que eu me lembre). Acho que os dentes eram... finos? Estreitos, melhor dizendo.


É tão inteligente e observador que intimida. Me deixa quieta, e sem fala. Logo eu que sou essa matraca toda.


Se antecipa, acha que sabe das pessoas o mesmo tanto que sabe sobre os lugares que já visitou ou sobre a melhor maneira de organizar os móveis de um quarto. Pensa que o não querer ficar na sacada do prédio pode ser medo de altura.


Aquelas duas pessoas que se conheceram do nada, se falaram pouco nos meses seguintes, marcaram um passeio como velhos conhecidos, e andaram lado a lado como se nunca tivessem se visto.


E então, depois de um jantar com outros amigos nunca antes vistos, começaram a madrugada assistindo seriados não legendados, deitados cada um no canto extremo de um sofá.


E foi assim, de repente, que ele fez sinal para que ela chegasse mais perto.


Como é que ela fui parar no peito dele? Deitada ali, como se já se conhecessem há anos! 


Enquanto na TV a Penny pensava se tinha acontecido alguma coisa no dia em que dormiu com o Raj (The Big Bang Theory), as 4 mãos faziam duas duplas carinhosas, com o polegar fazendo carinho no indicador de um lado, todos os dedos entrelaçados do outro. 


Assim, ela pensava: "Ele tem os braços fortes, apesar de magro. Devem ser resultado das aulas de boxe.  Abraça forte, como se estivesse me protegendo de algo, mesmo não havendo ameaças.Vai ver estava me protegendo dos meus possíveis pesadelos mais próximos (realmente próximos, geograficamente falando, "há um Shopping de distância"), sem saber."


Ele de Sagitário, nasceu dois anos antes no mesmo dia em que melhor amiga dela. 


Nem sei se ele acredita nessas coisas, já que não acredita em céu e inferno.


Tem uma correntinha, mas qual era o pingente? Parece velho, gosta de jazz e acha que carro e futebol são coisas de menino, no sentido "criança" da palavra. Não gosta de escrever. Gosta das coisas com simetria. Tem óculos fininhos, redondos como os do John Lennon. Tem cara de filosofo. E de cantor de rock dos anos 80. 


A barba dele faz cócegas na ponta do nariz dela. Dorme e acorda dando beijinhos, apertando-a no abraço.

E entre tantas lembranças que aquele bairro trás (mesma rua em que aconteceu a colação de grau da sua irmã, aquele prédio em que ela entrou pela garagem na garupa da moto, aquele hotel em que fez entrevista duas vezes, o outro prédio em que entrou várias vezes a trabalho, os restaurantes onde almoçava, o cheiro ruim do Rio Pinheiros, aquelas ruas...), a estação de trem ganhou outro significado com uma caminhada a pé no dia seguinte.