quarta-feira, 11 de julho de 2012

Assim, de repente...

**As vezes a gente escreve coisas boas, aproveitando o bom momento. Não importa o passado ou o futuro.**


Entre os cabelos ruivos (escuros, não laranja. Ou seriam castanhos mesmo?) há fios brancos e tem cachos.


Tem barba espaçada, não êh muito grande nem densa. 


Tem o sorriso bonito, certinho (pelo o que eu me lembre). Acho que os dentes eram... finos? Estreitos, melhor dizendo.


É tão inteligente e observador que intimida. Me deixa quieta, e sem fala. Logo eu que sou essa matraca toda.


Se antecipa, acha que sabe das pessoas o mesmo tanto que sabe sobre os lugares que já visitou ou sobre a melhor maneira de organizar os móveis de um quarto. Pensa que o não querer ficar na sacada do prédio pode ser medo de altura.


Aquelas duas pessoas que se conheceram do nada, se falaram pouco nos meses seguintes, marcaram um passeio como velhos conhecidos, e andaram lado a lado como se nunca tivessem se visto.


E então, depois de um jantar com outros amigos nunca antes vistos, começaram a madrugada assistindo seriados não legendados, deitados cada um no canto extremo de um sofá.


E foi assim, de repente, que ele fez sinal para que ela chegasse mais perto.


Como é que ela fui parar no peito dele? Deitada ali, como se já se conhecessem há anos! 


Enquanto na TV a Penny pensava se tinha acontecido alguma coisa no dia em que dormiu com o Raj (The Big Bang Theory), as 4 mãos faziam duas duplas carinhosas, com o polegar fazendo carinho no indicador de um lado, todos os dedos entrelaçados do outro. 


Assim, ela pensava: "Ele tem os braços fortes, apesar de magro. Devem ser resultado das aulas de boxe.  Abraça forte, como se estivesse me protegendo de algo, mesmo não havendo ameaças.Vai ver estava me protegendo dos meus possíveis pesadelos mais próximos (realmente próximos, geograficamente falando, "há um Shopping de distância"), sem saber."


Ele de Sagitário, nasceu dois anos antes no mesmo dia em que melhor amiga dela. 


Nem sei se ele acredita nessas coisas, já que não acredita em céu e inferno.


Tem uma correntinha, mas qual era o pingente? Parece velho, gosta de jazz e acha que carro e futebol são coisas de menino, no sentido "criança" da palavra. Não gosta de escrever. Gosta das coisas com simetria. Tem óculos fininhos, redondos como os do John Lennon. Tem cara de filosofo. E de cantor de rock dos anos 80. 


A barba dele faz cócegas na ponta do nariz dela. Dorme e acorda dando beijinhos, apertando-a no abraço.

E entre tantas lembranças que aquele bairro trás (mesma rua em que aconteceu a colação de grau da sua irmã, aquele prédio em que ela entrou pela garagem na garupa da moto, aquele hotel em que fez entrevista duas vezes, o outro prédio em que entrou várias vezes a trabalho, os restaurantes onde almoçava, o cheiro ruim do Rio Pinheiros, aquelas ruas...), a estação de trem ganhou outro significado com uma caminhada a pé no dia seguinte.

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